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Equipe ou bando?

A cada nova experiência aprendo um pouco mais. Nas oportunidades de trabalho, também comprovo certos padrões de comportamento e de relacionamento, diretamente ligados ao sucesso ou insucesso de uma clínica ou consultório. É sobre isso que quero falar neste artigo.

Cada vez que sou chamado às pressas para iniciar um trabalho de "salvamento" de uma clínica e evitar sua falência total, me deparo com algumas surpresas. Em sua maioria, desagradáveis. Me impressionam a desinformação, o descaso e a desmotivação de muitos colegas para o trabalho. A falta de comprometimento com os resultados e com os parceiros de trabalho são fatores comumente encontrados em clínicas mal sucedidas. A péssima liderança é muito mais causa do que conseqüência. Muitas dessas clínicas que socorri tinham em comum, como principal "doença", um problema altamente contagioso e letal, chamado "desagregação da equipe". É um verdadeiro "câncer", que se espalha e toma o corpo todo. Um grupo de cirurgiões-dentistas que trabalhe em uma clínica precisa, necessariamente, estar alinhado com os objetivos da empresa e, principalmente, possuir bons relacionamentos entre si, com demais funcionários, com a diretoria e com os pacientes. Mas em quase 100% das clínicas à beira da morte, há um "bando" e não uma equipe. É cada um por si e a clínica que se lasque. Relacionamentos saudáveis não são apenas coisas "bonitinhas" de se escrever em artigos, mas uma prática que interfere em todo o resultado de uma empresa, independente de seu porte. Precisa ser praticado como princípio fundamental de sucesso. Em uma reunião com um desses grupos, ouvi a pérola: "o (dentista) clínico geral não pode fazer endodontia, pois só o especialista é autorizado por lei". Rebati a enorme besteira com a própria lei que regulamenta a profissão do cirurgião-dentista (lei 5096) e arguí com o código de ética. Ele, alguém com mais de 50 anos de idade, que trabalha (agora por hobby) apenas um período a cada quinze dias, ironicamente, riu e debochou de minha "tolice". Pior do que isso, convenceu outro colega que participava da reunião a achar que ele tinha razão. Esse é um exemplo de desinformação que prejudica a clínica como um todo. Além disso, a desmotivação e a falta de interesse do colega provocavam uma reação em cadeia quase incontrolável. A clínica só voltou a crescer depois que removeu esse "câncer" e tratou do restante da equipe. Outra ocasião, um colega me confidenciou que (literalmente) sabotava o outro, prejudicando os seus trabalhos de prótese, porque um dia ele fora mal educado com ele e porque, segundo entendia, a diretoria da clínica privilegiava o outro (não percebi verdade nisso). Não há compromisso. Não há espírito de equipe. Vi outros que saíram da clínica montando o seu consultório, mas levando consigo o banco de dados da clínica onde trabalhava, desviando e aliciando todos os pacientes, acinntosamente e "na cara dura". Vi funcionários mal tratados por seus superiores que, como vingança e por trás do chefe, faziam-se de piedosas e falsamente "alertavam" aos pacientes para que tomassem cuidado com a esterilização, pois a estufa estava quebrada (o que era mentira). Em todos os casos, perde a clínica, a pessoa desmotivada, o colega contagiado por esta mentalidade, a Odontologia e, principalmente, os pacientes. Pessoas são importantes. Quando alguém se desvia desta verdade, perde na vida pessoal, emocional, espiritual e profissional. É necessário um líder verdadeiro para agregar pessoas e fazer delas uma equipe. Alguém que goste de pessoas. Tem de ser analítico, sintético, ligado, estratégico e interessado. O líder, geralmente o dono da clínica, precisa saber como motivar sua equipe e mantê-la coesa, alimentando a todos com objetivos comuns, claros e quantificáveis. Se seu consultório está com problemas, procure avaliar como estão os relacionamentos, o ambiente de trabalho, o espírito de equipe e o grau de comprometimento de cada um. Mas não se esqueça de verificar se você está fazendo a sua parte: remunerando justamente, reconhecendo esforços, sendo líder sem ser soberbo, sendo compreensivo mas com autoridade. Equipe pode te levar ao sucesso, mas um bando, ao fracasso.

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